1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por escopo discorrer
acerca da atualidade da segurança pública concernente ao município de Chapecó,
especialmente no que reporta a atuação do 2° Batalhão da Polícia Militar de
Santa Catarina, de maneira a apresentar as medidas aplicadas à sociedade, bem
como, apresentar soluções para as mazelas sofridas pela população.
Neste sentido, posteriores as considerações
iniciais, serão efetuados os aspectos históricos acerca da segurança pública e
da atuação da PM, de maneira a evidenciar a cultura que se instalou no âmago
social, bem como, a luta incessante da instituição em procurar proteger o
cidadão e ser valorada em suas atuações. Por conseguinte, serão apresentadas as
estatísticas criminais do município ora referido, demonstrando as medidas
aplicadas na repressão e redução da insegurança e da ilegalidade social, bem
como as adversidades que a instituição supera em seu cotidiano, almejando a
proteção e a concretização da ordem pública e da paz social.
Findando então, na especificidade do Plano de
Comando da Polícia Militar criado como forma de proteção e aproximação social,
destacando seus valores, princípios e metas com vistas a garantir a segurança e
a legalidade em suas ações. Findo o intróito, passar-se-á aos aspectos
históricos da segurança pública, no próximo item.
2. ASPECTOS
HISTÓRICOS DA SEGURANÇA PÚBLICA
Mesmo que de maneira tácita a segurança
pública se fez presente desde os primórdios, fosse na comunidade composta por
tribos, nas cidades do início das civilizações, nos antigos Impérios, até a
atualidade, estando atualmente expressa constitucionalmente. No Egito, em torno
de 1.000 a. C existiam guardas com a função policial, cujos quais portavam
bastões com o nome do Faraó, já no caso de Roma, estas funções eram
desempenhadas pelos edis, censores e cônsules.
No entanto, este direito passa a ser mais
valorado através da primeira geração de direitos, expressos na Declaração de
Direitos da Virgínia em 1776, onde no art. 3° promulgava a “proteção e
segurança do povo”. Já em 1789, na França, por meio da Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, publicado no art. XII surge a legalização da força
pública como meio de assegurar os direitos do homem. Desta forma, no que
refere-se à segunda e terceira geração, a segurança pública encontra pilar por
via dos direitos sociais e da proteção à vida, garantidos através do Estado.
Destarte, historicamente percebe-se que as
questões referentes à segurança pública mantiveram-se conectadas aos interesses
privados, assim sendo, Holanda (1995), destaca que no período colonial as
autoridades locais, instituídas através da metrópole, acumulavam de maneira
excessiva os poderes administrativos, judiciários e policiais. Porém durante o
Império, a função de chefe de polícia era desenvolvida por meio dos juízes
togados ou através de milícias particulares estabelecidas pela aristocracia
rural. Desta forma, durante o período republicano a mesma prestou-se a servir
as classes dominantes e os oligopólios políticos dos coronéis.
Esta cultura autoritária é responsável pelo
descrédito que o legado militar sofre até a atualidade, causando certa
descredibilidade no núcleo social no que reporta a instituição, não obstante,
como forma de mudar esta visão distorcida da qual a instituição militar é
vítima é que o governo federal tem buscado alternativas de melhorias profundas
acerca da eficiência e confiabilidade na área da segurança pública, investindo
no aperfeiçoamento do efetivo, com o intuito de melhorar a aplicação das
atividades dos agentes.
Neste sentido, foi elaborado o Decreto nº
2.315 de 4 de setembro de 1997, denominado SENASP- Secretária Nacional da
Segurança Pública- incumbido de aplicar um novo padrão de organização policial
em todo território nacional, baseado na qualidade da formação profissional, bem
como melhorias salariais, amparo, políticas de incentivo, valorização do
profissional e respeito aos Direitos Humanos. Por conseguinte, por meio desta
forma de atuação, pretende-se alcançar uma maior consistência entre as polícias
da União, dos Estados e também, das guardas municipais, de maneira a integrar
as ações das mesmas visando à estabilidade do sistema democrático brasileiro.
Destaca-se, porém que de forma implícita a
segurança pública sempre teve menção nas Constituições brasileiras, porém a
mesma apenas foi recepcionada expressamente por meio da Constituição Federal de
1988, constituindo a mais extensa e mais completa de todas as Cartas até então
vigente, a qual por sua vez dedicou o Capítulo III do Título V especialmente
para definir tal direito. Neste sentido, na própria possibilita-se a
verificação de inúmeros dispositivos constitucionais acerca da temática, os
quais influenciam de forma direta e indiretamente todo o sistema de atuação dos
órgãos integrantes da Segurança Pública, especialmente no momento em que sua
ação passa a ser pautada no contexto de um Estado Democrático de Direito,
voltados para a concretização dos direitos humanos e da cidadania, em
conformidade com o artigo 1° da referida Carta.
De outra forma, no art. 3° se estabelece os
objetivos fundamentais da
República, como o de o de erradicar a pobreza e a marginalização, garantir o desenvolvimento nacional, bem como reduzir as desigualdades. Por conseguinte, ao que reporta aos direitos fundamentais, o art. 5° apresenta 78 incisos em estabelecimento dos direitos e deveres individuais e coletivos, promulgado em seu caput a igualdade indistinta de todos frente a lei, garantindo aos mesmos a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à propriedade e à segurança.
República, como o de o de erradicar a pobreza e a marginalização, garantir o desenvolvimento nacional, bem como reduzir as desigualdades. Por conseguinte, ao que reporta aos direitos fundamentais, o art. 5° apresenta 78 incisos em estabelecimento dos direitos e deveres individuais e coletivos, promulgado em seu caput a igualdade indistinta de todos frente a lei, garantindo aos mesmos a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à propriedade e à segurança.
Nos demais dispositivos a referida Carta
assegura a proibição de tortura ou tratamento degradante, define a casa como
sigilo inviolável, como também é inviolável o sigilo de correspondência, passa
a defender o consumidor, definiu a impossibilidade de constatação de crime sem
lei anterior que o defina, promulgou como inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia os crimes de prática de tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes ou drogas afins, o terrorismo e outros crimes definidos como
hediondos, promulgou o direito a processo e sentença por juízo competente, o
direito ao contraditório e ampla defesa, a inaceitação de provas obtidas por
meios ilícitos dentre outras disposições na mesma elencada, denotando o avanço
constitucional que a mesma sofreu passando a ser considerada como dever do
Estado, direito e responsabilidade de todos.
Neste sentido, destaca Afonso da Silva
(2006), para o qual a maior parte do art. 5°, cláusula pétrea da Constituição
definem proibições, situações, procedimentos e delimitações destinados a
garantir o exercício e o gozo de um direito individual fundamental, ou seja,
possuindo relação direta com a Segurança Pública, principalmente no que concernem
as relações policiais ou as próprias relações de todo o sistema criminal. Por
conseguinte, Bonavides (2006), destaca que ao instituí-la em suas cláusulas
pétreas, o constituinte originário veda a possibilidade de medidas que venham a
suprimi-las, bem como ao mencioná-la novamente no art. 6°, destaca a mesma para
além de um direito individual, posto que passa a abranger um direito coletivo,
o que para Afonso da Silva (obra citada) significa dizer que a mesma consiste
em direito individual que não pode ser utilizado para ultrapassar direito de
outrem (aspecto coletivo).
Por sua vez, através do art. 144 vê-se
explicitamente a definição da segurança pública, o qual institui tanto ao
Estado quanto a população a responsabilidade por este processo, estabelecendo a
ordem pública por meio da colaboração e integração comunitária. Destarte, por
meio dos parágrafos do mencionado artigo, encontra-se a definição das
atribuições dos órgãos instituídos pelo Estado para promover a segurança.
Não obstante, analisando a Constituição de
Santa Catarina, percebe-se o mesmo teor de preocupação evidenciado na Carta
Magna, cuja mesma, instituiu em seu núcleo de garantias um Título (V)
específico para a temática, composto por quatro capítulos, sendo o primeiro a
respeito das disposições gerais, o segundo reportado a Polícia Civil, o
terceiro acerca da Polícia Militar, o terceiro -A definindo o Corpo de
Bombeiros Militar, o quarto instituindo a defesa civil e o quarto -A tratando
do instituto geral da perícia. Decorre nos demais artigos o estabelecimento da
organização e das funções dos referidos órgãos, os quais nãos serão mencionados
no presente artigo.
Art. 105 — A segurança pública, dever do
Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - Polícia Civil; II - Polícia Militar; III - Corpo de
Bombeiros Militar; e IV - Instituto Geral de Perícia.
Destarte, no que concerne a Lei Orgânica do
Município de Chapecó, o mesmo aborda a Segurança Pública apenas de forma
implícita em suas disposições, em virtude de que a responsabilidade pelos
órgãos incumbidos pela Segurança Pública, até então, é de responsabilidade
estadual, no entanto por meio de políticas públicas a própria atua na defesa de
seus cidadãos, instituindo, por exemplo, com base no art. 144 §8° a
descentralização da segurança pública para a “Guarda Municipal”, atuando por meio da criação da Lei Complementar nº 334 de 02 de março de
2009, findando na Lei Complementar nº 430/2011 de 23 de fevereiro de 2011.
Tal órgão passa a assumir funções de menor
potencial ofensivo em todo território municipal, anteriormente resolvido pelas
Polícias Militares e Civis, formando então um conjunto em proteção da
sociedade, neste sentido destaca Fagundes e Azevedo (2008) para os quais, tal
atuação municipal emerge da demanda social pela segurança, a qual requer
providencias a curto tempo em combate a violência e a criminalidade, em virtude
da desigualdade existente a estrutura criminal que avança a níveis assustadores
e a estrutura de segurança, a qual decai ou não avança no quesito de efetivos.
Findo a intróito jurídico acerca do tema, passar-se-á a expressar as
estatísticas da criminalidade decorrente no Brasil, no Estado e no Município de
Chapecó.
3. ESTATÍSTICA
DA CRIMINALIDADE NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ
Em conformidade com os dados gerais do 2°
Batalhão da Polícia Militar, cujo qual abrange 41 municípios, totalizando uma
população de 484.240 habitantes, sob a proteção de um efetivo composto por 619
policiais militares, com sede no município de Chapecó, circunspeto por 183.561
habitantes, sob a proteção por sua vez, de um efetivo de 279 policiais
militares. Por conseguinte em análise ao efetivo percebe-se que ouve um
declínio posto que no ano de 2010 o 2° Batalhão contava com o egresso de 280
soldados, por conseguinte no ano de 2011 decaiu para 269, por sua vez no ano de
2012 ouve um leve acréscimo de 287, quando em 2013 subiu para 306, findando no ano
de 2014 para 279, ou seja, decaiu ao ponto de se igualar ao ano de 2010, o que
denota a perda de interesse por esta área, por diversos fatores, dentre eles o
baixo subsídio salarial.
Homicídios
|
Ano 2010
|
Ano 2011
|
Ano 2012
|
Ano 2013
|
Ano 2014 (mês 03)
|
||
Quantidade
|
21
|
42
|
37
|
47
|
14
|
Fonte: AI/2°BPM/Fron/Business Inteligence
Suspeita Motivacional
|
Desconhecido/Susp.
Env. Com Tráfico
|
Desentendimento
Pessoal
|
Latrocínio
|
Passional
|
50%
|
29%
|
7%
|
14%
|
|
Tipos de Armas
|
Arma de Fogo
|
50%
|
Arma Branca
|
50%
|
Antecedentes do
Susp. da Autoria
|
Com antecedentes
|
50%
|
Sem antecedentes
|
50%
|
Fonte:AI/2°BPM/Fron
Logo, se o cidadão não possui envolvimento
com o tráfico, o mesmo possui 50% de chances excluídas de ser vítima de
homicídio, da mesma forma se o próprio não se envolve em desentendimentos
pessoais, ou seja, possui uma conduta calma e passiva, ele fica ainda mais
protegido desta ilegalidade, posto que perde mais 29% de chances de ser vítima,
combinando assim 79% de garantia de proteção, de outra sorte 7% são vitimas de
latrocínio, enquanto 14% são por crimes passionais. Percebe-se, então, que as
vitimas possuem um estereótipo, ou seja, grande parte destes índices poderiam
ser menores se a própria vítima mantivesse vigilância sobre sua conduta.
De outra forma verifica-se que 50% destes
crimes foram efetuados por arma de fogo, cujas quais, estão sendo apreendidas
pela PM, posto que se os indivíduos não detivessem porte ou registro da mesma,
assim, se o cidadão mantivesse uma conduta em concordância com a legalidade,
estas armas não estariam em circulação, e o índice criminal decairia pela
metade. Por conseguinte, verificam-se nos dados que 50% dos suspeitos possuíam
antecedentes criminais, isto é, a PM já os haviam apreendido, no entanto, em
decorrência da morosidade da justiça, ou mesmo da fragilidade da lei, os
próprios continuaram no âmago social, cometendo novos delitos, guiados pelo
sentimento da impunidade.
Roubo
|
2012
|
2013
|
Resultado da ação Da PM
|
500
|
418
|
Redução de 16,4%
|
|
Tráfico
e Porte de Crack
|
4.612
|
5.019
|
Aumento de 8,1%
|
Posse/Porte
Ilegal de Armas
|
145
|
138
|
Apreendidas 283 armas nestes dois anos
|
Atendimento
do PROERD
|
3.160
|
5.102
|
Atualmente 99% dos alunos da rede pública
são atendidos pelo PROERD
|
Fonte:AI/2°BPM/Fron
Como forma de socializar o indivíduo para
conviver de maneira pacífica em sociedade, com vistas no bem comum, a PM atua
na comunidade escolar, identificando, analisando e priorizando problemas e
riscos da segurança pública nestes estabelecimentos, formando parcerias com a
comunidade de maneira a criar e implantar respostas que extirpem ou minimizem
os problemas identificados, esta forma de atuação denomina-se Projeto de
Prevenção a Violência Escolar, atuação de cunho preventivo e abrangente, pois, relaciona-se
com todos os públicos acerca de diversos temas, focados na violência, drogas,
direitos e deveres do cidadão, auto estima e forma de relacionar-se em
sociedade, denotando uma maior
abrangência que o projeto do PROERD- Programa Educacional de Resistência as
Drogas- que por sua vez consiste na adaptação do programa educacional Americano
DARE, sendo implantado em 1992 pela PM no Rio de Janeiro e atualmente é
praticado em todo Brasil, posto que o mesmo é um pouco mais delimitado, efetuando-se
sobre três formas: 1-
PROERD para Educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental; 2- PROERD
para 4ª série/5º ano do ensino fundamental; 3- PROERD para
Pais/Responsáveis.
“O Programa possui como
material didático o Livro do Estudante, o Livro dos Pais e o Manual do
Instrutor, auxiliando aos respectivos alunos e Policiais PROERD no
desenvolvimento das lições.
O Programa consiste em uma
ação conjunta entre as Policias Militares, Escolas e Famílias, no sentido de
prevenir o abuso de drogas e a violência entre estudantes, bem como ajudá-los a
reconhecer as pressões e as influências diárias que contribuem ao uso de drogas
e à prática de violência, desenvolvendo habilidades para resisti-las.
O PROERD é mais um fator de
proteção desenvolvido pela Polícia Militar para a valorização da vida, que
imbuía de sua missão institucional, vem de uma sociedade mais saudável e feliz.
O programa tem por objetivo a prevenção ao uso de
drogas entre crianças em idade escolar, o qual será desenvolvido através de: 1. Fornecimento
de informações aos estudantes sobre álcool, tabaco e drogas afins; 2. Ensinar
os estudantes, as formas de dizer não às drogas; 3. Ensinar
os estudantes a tomar decisões e as conseqüências de seus comportamentos; 4. Trabalhar
a auto-estima das crianças, ensinando-as a resistir às pressões que as
envolvem.”
Atualmente foram atendidas 52 escolas entre a rede
estadual, municipal e particular, totalizando um percentual de 99%, ou seja,
20.357 alunos, professores, funcionários e pais, em 186 palestras ministradas.
Destarte a PM conta com o atendimento pós-crime, onde que em 2012 foram
investigados 600 casos e em 2013, 495 ocorrências no intuito de colher as
informações sobre os infratores e o modus
operandi criminal, objetivando criar estratégias e ações preventivas e
repressivas. Neste sentido, foram efetuados em 2012 3.476 BO, enquanto que em
2013 desencadeou em um aumento de 85,5% ou seja, passou para 12.951. Por conseguinte,
97,14% (578 PMs) do efetivo passou por instrução de revitalização de 30 horas,
em ação para instruí-los e capacitá-los.
Ocorrências
|
2011
|
2012
|
2013
|
2014
|
Ocorrências de repercussão
de 2014
|
Roubo a Comércio
|
220
|
144
|
134
|
22
|
14 homicídios
01 latrocínio
|
Roubo a residência
|
44
|
71
|
55
|
14
|
08 tentativas de homicídio
|
Roubo a Pessoa
|
285
|
224
|
27
|
66 roubos
01 seq. não confirmado
|
Fonte:AI/2°BPM/Fron
Conduzidos p/ CP em 2013
|
Maiores
|
Menores
|
Total
|
1.429
|
539
|
1.968
|
Fonte:AI/2°BPM/Fron
Resultados de 2014
|
Apreensões de Adolescentes
|
Prisões em Flagrante
|
Cumprimento de Mandato
De Prisão
|
Apreensões
De Arma de Fogo
|
Apreensões de Crack
|
Apreensões de Maconha
|
77
|
115
|
14
|
22
|
921 pedras
|
7.437 gramas
|
Fonte:AI/2°BPM/Fron
Situação das
Medidas Sócio Educativas/Cco
|
Vagas no CASE
|
Vagas no CASEP
|
Internos
Atual |
Evadidos
|
10
|
20
|
20
|
11
|
Fonte:AI/2°BPM/Fron
Evidencia-se que a atuação da Polícia Militar
é exemplar, no entanto, a segurança pública, não depende apenas da ação da mesma,
evidenciando primordialmente a formação de parcerias, nota-se também, que as
vagas para os adolescentes infratores são mínimas para a demanda existente, bem
como a fragilidade da lei e a morosidade do sistema judicial, propiciam e
coadunam-se com a reincidência criminal, denotando adversidades, contra os
quais a instituição militar luta em defesa do cidadão.
4. ESPECIFICIDADES
DO PLANO DE COMANDO DA POLÍCIA MILITAR COMO MEIO PROTEÇÃO/APROXIMAÇÃO SOCIAL
No que concerne a segurança pública
específica ao Estado de Santa Catarina, no dia 06 de abril de 2011 entrara em
vigor o Plano de Comando da PMSC, o qual serve-se de “instrumento de
planejamento e gestão estratégica com repercussões e desdobramentos em todos os
níveis” da corporação. Tal documento convém para consolidar os princípios da
instituição, os valores e eixos edificantes de atuação, baseados no pilar de
que a mesma existe para proteger o
cidadão. Documento o qual compila 109 objetivos evidenciando as pessoas como
seu núcleo basilar. Tal exemplar entra em ação para o estabelecimento de um
novo padrão de gestão, calcado na avaliação
de desempenho e na gestão por
projetos, neste sentido destaca o plano de comando (2013).
“Dentro de uma perspectiva descentralização,
para cada um dos 109 objetivos, o Plano de Comando estabelecia um indicador de
desempenho, uma direção de preferência, uma meta a ser alcançada. Ou seja, o
Comando geral definiu o “que” e o “quanto” desejava em relação aos objetivos.
Mas o “como” eles seriam alcançados, foi definido por cada unidade ou órgão
responsável, por meio de projetos adequados a realidade local, suas
particularidades, potencialidades e limitações, sempre com o suporte do Comando
Geral, da Secretaria de Estado da Segurança Pública- SSP e do Governo de
Estado. (Grifos do original).”
“A aquisição e a disseminação de uma
ferramenta de Business Intelligence (BI) e um software de gestão de projetos
permitiu o acompanhamento do desempenho de cada uma das unidades de nossa
Corporação e uma gestão direcionada a RESULTADOS. Porque todo o nosso esforço,
tudo o que nós fazemos, obrigatoriamente, tem que gerar os resultados
estabelecidos. Se aquela atividade, se aquela ação não gera resultado, tem que
ser mudada, revista, alterada, aprimorada ou até mesmo eliminada. Cada gota de
nosso suor, cada centavo de nossos recursos tem que valer a pena. E só valem a
pena se geram melhoria na qualidade de serviços que prestarmos à sociedade ou
nas condições de trabalho de nossos policiais militares.”(Grifos do original).
Enfatiza-se que, aos poucos este plano esta
sendo posto em prática a ponto de tornar-se uma cultura organizacional cujos resultados se mostram evidentes, posto
que através do mesmo, tenciona-se atuar de forma satisfativa frente a
comunidade. A atual versão do Plano de Comando congrega o Guia de Orientação
para o Desenvolvimento de Projetos no Âmbito da PMSC, cujo qual “orienta e
disciplina a construção dos projetos associados aos objetivos do Plano de
Comando.” Têm-se neste momento 107 objetivos a serem perseguidos.
Desta forma o mesmo define a existência da
Polícia Militar com o objetivo fundamental de proteger, utilizando-se da capacidade
de “garantir o risco real e a percepção de risco para crime, violência e
desordem sejam aqueles socialmente desejados e aceitos” em garantia da paz
social e da ordem pública, com vistas no reconhecimento da eficácia da instituição,
atuando de maneira condizente com suas perspectivas, quais sejam a garantia de
uma instituição:
Legítima- baseada
na legitimidade de seus atos, concretizando os direitos individuais e coletivos
da sociedade, dirimindo as ilegalidades e arbitrariedades dentro de seu
efetivo, construindo uma relação de confiança social; Efetiva- comprometida com a satisfação da sociedade, efetuando uma
avaliação da qualidade da ação policial, de maneira a verificar o desempenho do
policial no que tange aos parâmetros de qualidade aspirados, bem como apresentando
os resultados almejados;
Com serviços de excelência- através da busca por parcerias na comunidade, de forma a envolver
todos os indivíduos na edificação dos resultados pretendidos, respeitando as
peculiaridades de cada área de atuação, de modo a adequar seus serviços a
realidade de cada local, condizentes com suas necessidades; Confiável nas crises- através de
desempenho célere e efetivo, de modo a proteger a sociedade e preservar a ordem
pública; Promotora dos direitos humanos- Concretizando
um trabalho de maneira a respeitar, preservar e garantir os direitos inerentes
ao ser humano, sem distinções.
Decorre que estas visões orientadoras com
fulcro nos valores institucionais a seguir expostos, existem como forma de
aperfeiçoar os processos internos, de maneira a fortalecer e valorizar o
“capital humano e organizacional, e a consolidação de fluxos financeiros
sustentáveis e compatíveis com as necessidades atuais e futuras da Corporação,
considerando sua visão de futuro”, de maneira a construir uma relação de
confiança e solidez com a sociedade e o cidadão, tais valores consistem em:
Conservadores com as tradições- atuação com base na construção e manutenção da unidade institucional,
interagindo entre os círculos hierárquicos de maneira cooperativa, em respeito
aos “valores e virtudes militares”. Criativos
com as ações- Baseado no “profundo conhecimento da profissão, da
abrangência e complexidade de nossa missão, e voltada para busca de resultados
concretos e permanentes.” Onde que, “as experiências bem sucedidas serão
rapidamente institucionalizadas e disseminadas como boas práticas.” Criteriosos com os recursos-
privilegiando os recursos financeiros em investimentos positivos sobre as
condições de trabalho do efetivo, bem como a redução da criminalidade,
violência e sensação de insegurança.
Focados na missão- Fundamentados
na função constitucional de polícia ostensiva e a preservação da ordem pública,
bem como a sua razão de existir, isto é,
proteger e “contribuir para que sejam desenvolvidas” de forma plena; Intransigentes com a ilegalidade- “onde
que os desvios de conduta dos integrantes da Polícia Militar serão apurados e
os responsáveis, após ampla defesa e o contraditório,” serão punidos. Destarte
o alinhamento de todos estes objetivos em cada uma de suas dimensões
concretizará a excelência da extensão operacional, a qual baseia-se em cinco
pilares estruturantes:
Proximidade- A
Polícia Militar ciente de seu objetivo de proteger o cidadão busca proximidade
com as comunidades de maneira a descentralizar seus recursos e atuar em
conformidade com as peculiaridades de cada área, de forma a estabelecer uma
relação de confiabilidade, permitindo à sociedade a participação ampla em seus
planejamentos de atuação, como também a possibilidade de cobrança de
resultados, tornando-se acessível a todos. “A atividade policial, assim, é uma
atividade que busca gerar, pela via da proteção, qualidade de vida ao ser
humano”; Proatividade- por meio da
delegação de autoridade aos policias comunitários de maneira que os mesmos
possam agir em benefício do cidadão sem que possuam ordens superiores, podendo
tomar iniciativas com vistas a prevenir, reagir e reprimir o crime, a violência
e a desordem, objetivando a qualidade de vida dos cidadãos.
Ações sobre as causas- por via da ação conjugada da polícia com a comunidade, tenciona-se uma
ação policial de maneira a analisar, desenvolver respostas e solucionar os
problemas verificados, construindo um plano de ação direcionado e eficaz; Pronta resposta- Sempre que ocorrer “a
quebra da ordem pública”, a Polícia Militar deve atuar de maneira imediata, de
forma ágil e eficaz, com vistas a estabelecer a normalidade, através de
policiais treinados e equipados; Parcerias-
Sendo a segurança pública dever do Estado, direito e responsabilidade de todos,
faz-se mister uma ação conjunta da PM com outros órgãos públicos ou privados,
assim como com os cidadãos, de forma a concretizar no núcleo social os eixos
estruturantes da sociedade.
Destarte, como prioridades da Polícia Militar
estão, de um lado às pessoas onde os objetivos estarão direcionados a atender a
sociedade e aos cidadãos, através de serviços prestados e o alcance de
resultados, de outro lado, mas com igual nível valorativo, encontram-se os
policiais militares, com o intuito de garantir condições pessoais e de
trabalho, bem como o suporte organizacional necessário a prestação de serviços
de qualidade.
A metodologia utilizada para a concretização
do plano de comando concernente é denominada MCDA-C (Metodologia Multicritério
de Apoio à Decisão- Construtivista), assim, para alcançar seus desígnios à
mesma desenvolve-se em três fases, fase de estruturação, destinada “a
compreensão do problema e do contexto em que está inserido, por meio da geração
de conhecimento nos decisores, representada por uma estrutura hierárquica de
valor que explicita, de forma estruturada, as preocupações dos envolvidos no
processo,” momento em que as alternativas serão avaliadas.
Por meio da segunda fase definida como de
avaliação, definem-se as taxas de substituição, as quais refletirão em menção a
Keeney, citado pelo referido comando “‘a perda de desempenho que uma ação
potencial sofrerá em um critério para compensar o ganho em outro’, bem como
permitirão transformar o valor das avaliações locais em valores de uma
avaliação global.”
“Este perfil de desempenho gera uma
visualização clara de quais objetivos se constituem em oportunidade de melhoria,
no sentido de direcionar os esforços em ações que efetivamente irão alavancar a
performance da corporação, além de evidenciar os indicadores com performance em
nível de excelência, e os critérios que estão em nível de mercado- não
comprometem e nem são evidenciados como excelência, mas podem ser utilizados
pelos gestores como desafios para elevar o nível de desempenho.”
Por conseguinte, através da terceira fase
encontra-se a fase das recomendações, onde são propostas ações de aperfeiçoamento
aos objetivos já efetivados, para que os mesmos contribuam concretamente no
desempenho organizacional. Desta feita, conforme ECK citado no respectivo
comando, “o processo de avaliação dos indicadores deste plano de comando será
sempre de dois tipos: avaliação de impacto; e, avaliação de processo”, assim
sendo:
“A avaliação de impacto buscará apurar a
efetividade no alcance do objetivo mensurado no respectivo indicador de
desempenho, enquanto a avaliação de processo acompanhará a integridade e o
cumprimento das ações planejadas nos projetos, que deverão ser desenvolvidos
com base no GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS NO ÂMBITO DA
PMSC.” (Grifo do original).
5. CONCLUSÃO
Em conclusão verifica-se que a garantia da
segurança pública consiste em muito mais que bons objetivos e boas ações da PM,
precisa para, além disso, de criações de parcerias com a comunidade de maneira
a identificar em cada área suas necessidades, bem como contar com a valoração
da mesma, das instituições e do Estado de forma que haja incentivos
psicológicos e pecuniários para a entrada de novos efetivos, na atuação de
combate ao crime.
Verifica-se ainda através da fragilidade da
lei, e da morosidade da justiça que o efetivo militar cumpre com sua parte de
identificar e apreender o infrator, no entanto, as questões de ordem pública
sobre a violência apesar de contar ativamente com a atuação da PM ultrapassam
tal desempenho relacionando-se com uma série de outros órgãos, como MP, poder
judiciário, outras polícias, estabelecimentos prisionais, dentre outros assistência
social, órgãos, e eventualmente ocorre uma falta de sintonia entre tais órgãos resultando
em imprevistos, posto que o processo punitivo do infrator apenas será iniciado
depois que todos estes órgãos atuarem, propiciando e coadunando-se com a
reincidência criminal, causando uma sensação de impunidade que amedronta o
indivíduo de bem, e reforça a atuação do delituoso. Por conseguinte, os órgãos
de medidas sócio- educativas não compreendem a demanda existente, sendo
evidente a necessidade de políticas públicas em proteção da sociedade, e a atuação
do Estado através da construção de novos estabelecimentos e de efetuar
melhorias nos já existentes para evitar fugas ou futuros desvios.
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