RELATÓRIO DE LEITURA
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IDENTIFICAÇÃO
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Autor do relatório
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Aline Oliveira Mendes de Medeiros(linny.mendes@hotmail.com) |
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Data/Programa
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02/05/2015
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Palavras-chave
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Psicologia do crime;
criminalidade;
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OBRA RELATADA
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MARANHÃO, Odon
Ramos. Psicologia do Crime. 2 ed. São Paulo: Malheiros Editores LTDA, 2003.
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RESUMO DA OBRA
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O livro retrata acerca da
necessidade de efetuar uma análise ao perfil do criminoso como meio de
tratá-lo, objetivando a recuperação do delinqüente.
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DESTAQUES DA OBRA
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“Partindo da observação para
construir uma doutrina, estará seguindo um processo empírico e se, ao
contrário, partir da doutrina à elaboração tipológica seguirá método
teórico.” P. 12.
“O que se deseja aqui é saber
quais os fatores delitógenos que mais atuam ou contribuíram na gênese da ação
anti-social de um dado criminoso para se adotarem medidas capazes de
neutralizar seus efeitos maléficos. As pesquisas etiológicas seguem cursos
próprios em cada grupo delinquencial considerado, mas tem de ser científicos
e não enveredar por caminhos tortuosos de divagações, que se apresentam sob
belas formas, desprovido do mais comezinho conteúdo. As tipologias
criminológicas terão de se assentar em base etiológioca e procriar pesquisas
de igual natureza.” P. 13
“Desde que as combinações
possíveis entre os diferentes fatores de delinqüência são infindáveis, se a
tipologia for muito restrita não atenderá às eventualidades práticas.” P. 13
“É preciso, portanto, proceder-
ainda que sem preocupações exageradamente perfeccionistas – a uma análise de
similitudes e discrepâncias para se formar grupos razoavelmente homogêneos.
Estes, contudo, devem cobrir um campo tão vasto quanto possível.” P. 13
“É indispensável que seja feita
análise das variáveis em estudo e conveniente descrição de cada grupo,
definido por elementos claros e compreensíveis. A similitude intragrupal deve
contrastar com as diferenças entre as diversas categorias ou grupos.” P. 13
“Se a estrutura global da
personalidade não for levada em conta na organização da tipologia, então o
caráter ‘genético’ ou ‘causal’ da mesma estará seriamente comprometido. Por
esses motivos os fatores que prejudicam ou comprometem a formação da
personalidade terão de ser levados em conta no critério adotado pela tipologia.”
P. 14
“Ao se estudar um caso
particular para conferir a que tipo
delinquencial pertence, procura-se fazer um diagnóstico. A partir do conhecimento de quais os ‘fatores
criminógenos’ atuantes na gênese desse particular comportamento anti-social,
chega-se à tarefa de propor medidas corretivas. Isto é, propõe-se medidas de
caráter terapêutico, quer sejam de
natureza médica, penitenciária, pedagógica, psicológica, social, etc. Tais
medidas podem guardar conexão mais ou menos direta com cada grupo criminal
considerado; isto é, a partir de um dado diagnóstico, decorrem certas
providências terapêuticas.” P. 14
“Por outro lado, essas medidas
visam a recuperação do agente e a prevenção da reincidência. Também ensejam
ensinamentos para a profilaxia dos casos. Logo os estudos de natureza
prognóstica devem se relacionar aos grupos delinquenciais descritos,
integrantes da tipologia ou classificação proposta.” P. 14
“Por certo, o critério adotado
pelo pesquisador assume primordial importância, posto que constitui a linha
mestra do pensamento sistematizador. É evidente, também, que a natureza desse
critério enseja agrupamento de classificações”, assim Abrahamsen assume o
critério baseado nas manifestações
exteriores, o qual ele divide em dois grupos composto pelos criminosos
agudos ou momentâneos e os crônicos ou habituais, os quais manifestam-se com
base na agressão à coletividade ou como meio de expressar um conflito
anterior, já Exner assume o critério causal,
baseada no tipos caracterológicos,
tipos sociológico-criminais e tipos psicológico- criminais e ainda os tipos legais, assim como Di Tullio assume o critério misto composto pelos delinquentes ocasinais, delinquentes
constitucionais e delinquentes enfermos mentais e Alexander & Staub
assume o critério psicanalítico, que se baseia no ego do
indivíduo, onde ele reconhece a existência da delinqüência crônica, composta por pessoas com tendência nata a
criminalidade, pois seu aparelho psíquico as impulsiona ao delito¸ e a delinqüência acidental compreendida
por indivíduos não criminosos, que cometem crimes ocasionais. P. 17/18.
Outro meio de classificar os
criminosos “é fazê-lo de acordo com a natureza das teorias”:
CAPÍTULO 2
- CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA
“Cada autor parte de uma
determinada ‘teoria do crime’. (...) cada pesquisador chegará a uma
conclusão, até certo ponto, individualista. Para alguns isso parece altamente
artificial.” P.23
“A ‘classificação etiológica’,
inicialmente, mostra que os fatores causais podem ser de um só tipo:
biológico ou mesológico.”
“Os primeiros ‘ provêm do próprio
indivíduo, em obediência à sua própria condição de ser’ e os segundos ‘do
ambiente, cósmico ou social’.”
“Consequentemente, foram estabelecidos
inicialmente, três grupos: dois puros e um intermediário. Daí surgiram: a)
mesocriminoso; b) mesobiocriminoso e c) biocriminoso.”
“Posteriormente apareceu a conceniência
de se estabelecer graus intermediários e assim apareceu a classificação
completa:
1-
Mesocriminoso
puro – ele atua com base em circunstâncias exteriores, ele age como um
‘agente passivo’ comparado a uma ‘vítima das circunstâncias exteriores’,
utiliza-se como exemplo o do sílvicola que pratica um crime no meio
socializado que se estivesse em seu âmbito de origem seria tido como
aceitável.
2-
Mesocriminoso
preponderante – a ação delituosa baseia-se em fatores ambientais, em
detrimento dos sociais.
3-
Mesobiocriminoso
– responde motivado por fatores tanto ambientais quanto biológicos.
4-
Biocriminoso
preponderante – compreende um indivíduo portador de uma anomalia biológica
que mesmo sendo insuficiente para guiá-lo ao crime, torna-o vulnerável à
fatores exteriores aos quais ele responde com facilidade.
5-
Biocriminoso
puro – este agente criminoso age com base à incitações endógenas, tais como
os perturbados mentais, tem-se como exemplo o epilético que em estado de
crise efetua disparos com arma de fogo. P. 24/25
CAPÍTULO 3 – A DINÂMICA DO ATO E
A CLASSIFICAÇÃO NATURAL DOS CRIMINOSOS
“Considera-se, então, o delito
como a ação típica, antijurídica e culpável. Assim conceituada,
caracterizar-se-ia por dois elementos objetivos: sua tipicidade e
antijuridicidade, aliados a outro de natureza subjetiva: a culpabilidade.
Este, contudo, pressupõe que seja o autor imputável, pois ‘não poderá ser
objeto de reprovação quem não tenha capacidade para tanto’. Assim,
atualmente, aceita-se que ‘a
culpabilidade não é requisito do crime, funcionando como condição da pena’.
Se o delito se caracteriza desde logo – adiantar que a sua motivação, em
última análise, é absolutamente superponível à do ato considerado socialmente
ajustado. Aliás, é de se lembrar que determinado ato pode ser objeto de
criminalização ou descriminalização, segundo a conveniência e o interesse
sociais, que são mutáveis no tempo e no espaço. Assim, um paralelo pode ser
estabelecido entre a motivação do delito (ato criminoso) e a do ato
socialmente aceito (ato ajustado).” P. 28
“Abrahamsen descreve o que
denominou ‘formula de comportamento criminoso’. ‘Ao explicar a origem de um
ato criminoso precisamos considerar três fatores: tendências criminais (T), a
situação global (S) e as resistências mentais e emocionais da pessoa à
solicitação (R)’. ‘O ato criminoso é a soma das tendências criminais de um
indivíduo com sua situação global, dividida pelo acervo de suas
resistências’.” P 28
C: T + S
R
“As tendências criminosas de uma
pessoa e suas resistências a elas podem resultar numa ação criminosa
(anti-social) ou em ato socialmente aceitável, na dependência de qual dessas
forças venha a predominar’. Apesar da simplicidade, essa formulação é
extremamente clara e judiciosa, pois coloca em evidência o fato das
disposições (tendências) se aliarem a condições momentâneas (situações) para
levar alguém a um ato, que poderá ser contido pelos meios repressores
(resistência).” P. 29
“Haverá sempre uma integração de
fatores causais, por meio de um processo de natureza intrapsiquíca, do que
resulta a manifestação final: o ato.” P. 29
“Poderíamos, com propriedade, nos
expressar de outra forma: o ato exige o concurso de duas ordens de condições:
de um lado as solicitadoras (desencadeantes) e de outro a personalidade do
agente (predispondo e resistindo). P. 29
FATORES DO ATO CRIMINOSO
[...] os fatores individuais e
sociais associam-se para passar por uma integração psíquica, que levará ou
não a prática do ato; a personalidade global num dado momento será levada a
executar certa ação, ou freará os impulsos.” P. 30
DINÂMICA DO AGENTE
“O substrato biopsiquíco,
constituído pelas disposições e aptidões recebidas hereditariamente, é
trabalhado pelas experiências adquiridas e progressivamente incorporadas, de
modo que cada pessoa adquire, pela integração de todos esses elementos, uma
configuração própria e unitária. Esta ‘síntese de todos os elementos que
concorrem para a conformação mental de uma pessoa, de modo a comunicar-lhe
fisionomia própria’ chamamos personalidade.” P. 31
“A natureza dos fatores constitucionais
e evolutivos é certamente polimorfa: alguns são biológicos, outros
psicológicos e outros ainda sociais. Contudo, numa primeira fase, estão
participando da estruturação de uma personalidade e por esse motivo devem ser
considerados primários.” Ou seja,
trata-se de um processo de formação/construção da personalidade. P. 31
“De outra sorte, num dado momento
ocorre uma solicitação que leva alguém a agir. Esse fator (ou fatores) agora
atua sobre uma estrutura já pronta e acabada. Pode e deve ser considerado por
isso secundário.” Sendo
caracterizado por ser desencadeador de uma ação. P. 31
Isto é, esta fórmula compreende o
complexo ‘constituição – formação – solicitação – ato’. P. 32
“[...] os chamados ‘fatores
causais do crime’, na realidade, interferem duas vezes: na estruturação da
personalidade e no desencadeamento do ato. Esse resultado final, o ato, só é
possível após um processo de integração intrapsiquíca. É aí que as tendências
se associam à solicitação e enfrentam os mecanismos contensores.” P. 33
Ocorre que uma pessoa com
personalidade bem formada também pode cometer algum ilícito, podendo ser
sintoma de perturbação definido como delinqüência sintomática, momento em que
“somente um rompimento lacunar de seu equilíbrio interior explica o crime”,
já que não combina com seu psicológico este tipo de atitude, a isto se
denomina ato agudo, exemplo as
reações súbitas de ira. No entanto, pode também, ocorrer defeito na
personalidade, devido a má constituição ou formação, desencadeando as
personalidades psicopáticas e delinquentes que são denominadas comportamento delinquencial crônico,
momento em que as condições para delinqüir são procuradas e preparadas, pois
o agente deseja isto. P. 33
Desta forma é possível
classificar os criminosos em três grupos:
1. Delituoso
ocasional – possui uma personalidade bem construída e socialmente ajustada,
porém mediante a um agente externo forte, rompe seu equilíbrio psíquico e
comete o delito;
2. Delituoso
secundário ou sintomático – caracteriza-se pelo estado mórbido, a prática do delito
possui nexo causal com a perturbação do agente, seja ela permanente ou
transitória, trata-se de um delito sintomático pois “a prática criminosa esta
vinculada a perturbação”, exemplo um crime praticado por um perturbado
mental, é preciso que o crime ocorra na fase em que a doença esteja
manifestada.
3. Delituoso
primário ou essencial – possui deficiência de caráter, vive em função do
crime, não possui capacidade de julgamento, delinqüente nato, comportamento
cronicamente anti-social, são reincidentes e não possuem lealdade, não são
capazes de amar e não possuem sentimento de culpa.
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QUESTÃO FUNDAMENTAL
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O livro
retrata as espécies de criminosos. Muito bom.
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“A Justiça sustenta numa das mãos a balança que pesa o Direito, e na outra, a espada de que se serve para o Defender. A espada sem a balança é a força brutal; a balança sem a espada é a impotência do direito” - Rudolf von Jhering
domingo, 9 de agosto de 2015
Fichamento da obra: Psicologia do Crime
sábado, 8 de agosto de 2015
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
EX. MO. JUIZ DE DIREITO DA ____ ª VARA DA FAZENDA
PÚBLICA DA COMARCA DE CHAPECÓ/SC.
MARIO DO
ARMÁRIO, brasileiro, solteiro, pensionista do INSS, portador
do RG n° 11111111, CPF n° 1111111, residente e domiciliado na Rua Das Flores, n°
70-E, Bairro Paraíso, CEP: 89.800-000, na cidade de Chapecó/SC vem, através de sua
procuradora signatária (procuração em anexo), com escritório localizado na Rua
X, n° 19, Bairro Centro no município de Chapecó/SC, propor AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA para fornecimento
de medicamentos.
Contra o ESTADO
DE SANTA CATARINA, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no
CNPJ n° 111111, localizado na Rua Augusto Muller Bohner, n° 300-D, Bairro Passo
dos Fortes, Chapecó/SC, CEP 89805-900, e ainda o MUNICÍPIO DE CHAPECÓ/SC, pessoa jurídica de direito público
interno, inscrito no CNPJ n° XXXXX, com sede administrativa localizada no
endereço, Av. Getúlio Vargas (demais qualificações), pelos fatos e fundamentos
de direito infra-aduzidos que se passa a expor:
01. BREVE
RELATO DOS FATOS:
O AUTOR é portador de DIARRÉIA E GASTROENTERITE DE ORIGEM INFECCIOSA PRESUMÍVEL (CID 10 – A09). Foi submetido a tratamento medicamental de uso contínuo, em consequência da maleza grave que sofre, necessitando de medicamento via oral (Cólus 20 mg por dia) e, ainda, do uso de fraldas descartáveis (receituário em anexo).
Após a realização de vários exames médicos, o Autor foi informado que deverá utilizar exclusivamente, os medicamentos receitados, descartando-se, portanto, o uso de genéricos. Já, com relação as fraldas descartáveis, estas precisam ser impreterivelmente, as da marca Fraldas Bebê Confort, em função de suas reações alérgicas, que além de indesejáveis, pioram o estado de saúde de Mário, abalando também, seu estado psicológico, que de antemão, já encontra-se deteriorado devido à espécie da anomalia, que ao reduzir sua capacidade de autocontrole e reação, reduz também, sua autoestima.
Neste sentido, no instante em que o constituinte originário esculpiu a defesa do direito à saúde, ele não referiu-se apenas a saúde física, mas no geral, incluindo aqui a psicológica, posto que conforme o art. 1, inciso III do Caderno Constitucional, é fundamento do Estado Democrático de Direito, a dignidade da pessoa humana, ou seja, todo é qualquer cidadão, é abraçado pelo manto desta garantia, dela valendo-se sempre que for necessário.
No entanto, ao informar-se sobre o valor dos medicamentos e das fraldas, o Autor surpreendeu-se, pois, após fazer o orçamento (documento em anexo), constatou que gastaria mais do que o valor de sua renda mensal, ou seja, não restaria para o mesmo, dinheiro suficiente para sua subsistência (pagamento de alimentos, luz, água e etc), fazendo com que o próprio desfaleça. Fato este incabível em um Estado de Direito que possui como Bem Maior o Direito à Vida, afinal é a partir da vida que emergem todos os demais direitos, bem como, é a partir desta que ergue-se a sociedade, edificando o Estado.
O AUTOR procurou administrativamente, o SUS – Sistema Único de Saúde – para o recebimento do medicamento, através da Secretaria de Saúde do Estado de Santa Catarina, na gerência de assistência farmacêutica. Todavia, foi informado que estes medicamentos não estão padronizados em nenhum dos programas do Ministério da Saúde, o qual é responsável pela seleção e definição dos medicamentos a serem fornecidos pelos referidos programas (negatória em anexo).
O AUTOR não pode esperar mais, em razão do grave estado de saúde que se encontra (documentos em anexo), porém, não dispõe de remuneração suficiente para suprir com sua demanda, encontrando-se às margens da lei, desguarnecido em seus direitos, excluído de suas garantias.
Conhecedor de seus direitos, Mario procurou o NPJ, instante em que se verificou a urgência do deferimento desta ação, fazendo com que a procuradora em epígrafe adentrasse no sistema judiciário procurando guarnecer o Autor, viabilizando a promoção dos Direitos Fundamentais que a Carta Política disponibiliza, lutando com a espada do direito para que se promova a Justiça.
Inicialmente, afirma o AUTOR que, de acordo com o artigo 4º da Lei nº 1.060/50, com redação introduzida pela Lei nº 7.510/86, não tem condições de arcar com eventual ônus processual sem prejuízo do seu sustento próprio, pois percebe somente o valor de um salário mínimo nacional, valor este, ínfimo até mesmo para suas despesas normais, imagine então, se seria suficiente para suprir ainda com as despesas medicamentais que o próprio necessita (documentos de renda em anexo), fazendo jus ao aferimento do benefício da Justiça Gratuita em função de sua hipossuficiência.
Assim,
faz uso desta declaração inserida na presente petição inicial, para requerer os
benefícios da justiça gratuita.
É o entendimento jurisprudencial:
JUSTIÇA GRATUITA – Necessidade de simples afirmação de pobreza da parte para a obtenção do benefício – Inexistência de incompatibilidade entre o art. 4º da Lei n.º 1.060/50 e o art. 5º, LXXIV, da CF.
Ementa Oficial: O artigo 4º da Lei n.º 1.060/50 não colide com o art. 5º, LXXIV, da CF, bastando à parte, para que obtenha o benefício da assistência judiciária, a simples afirmação da sua pobreza, até a prova em contrário (STF – 1ª T: RE n.º 207.382-2/RS; Rel. Min. Ilmar Galvão; j. 22/04/1997; v. U) RT 748/172.
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. LEI Nº. 1.060/50. PRESUNÇÃO DE NECESSIDADE. Legítimo a parte requerer o benefício da gratuidade nos termos do art. 4º da Lei nº. 1.060/50, que se harmoniza com o art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal. Para que obtenha o benefício da assistência judiciária basta a simples afirmação de pobreza, até prova em contrário. Precedentes do STJ. RECURSO PROVIDO DE PLANO, COM FULCRO NO ART. 557, § 1º-A, DO CPC. (Agravo de Instrumento Nº 70054723283, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiçado RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva, Julgado em 31/05/2013).
03 -
FUNDAMENTO JURÍDICO E JURISPRUDENCIAL:
Princípio da dignidade da pessoa humana e o direito à vida:
A Constituição garante a inviolabilidade do direito à vida (CF, art. 5º, “caput”). Esta compreende não só o direito de continuar vivo, mas de ter uma subsistência digna. Por essa razão, o direito à vida deve ser entendido em consonância com o princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III). Vejamos:
“A dignidade da pessoa humana, em
si, não é um direito fundamental, mas sim um atributo a todo ser humano.
Todavia, existe uma relação de mútua dependência entre ela e os direitos
fundamentais. Ao mesmo tempo em que os direitos fundamentais surgiram como uma
exigência da dignidade de proporcionar um pleno desenvolvimento da pessoa
humana, somente através da existência desses direitos a dignidade poderá ser
respeitada e protegida” – Marcelo Novelino Camargo – Direito Constitucional
para concursos. Rio de janeiro. Editora forense, 2007 pág. 160.
Assim
sendo, a saúde como um bem precípuo para a vida e a dignidade humana, foi
elevada pela Constituição Federal à condição de direito
fundamental do homem. A carta magna, preocupada em garantir a todos uma existência
digna, observando-se o bem estar e a justiça social, tratou de incluir a saúde
com um dos pilares da Ordem Social (art. 193).
Da
obrigação do SUS:
No atendimento ao interesse público, um dos princípios que regem a saúde pública, além da universalidade da cobertura e do atendimento e da igualdade, é o princípio da solidariedade financeira, uma vez que a saúde é financiada por toda a sociedade (art.195 da CF).
Em seu
art. 196 e 227 a Constituição Federal estabelece a
responsabilidade da União, Estados e Municípios, de forma solidária, prestar o
atendimento necessário na área da saúde, incluindo os serviços de assistência
ao público e o fornecimento de medicamentos, suplemento alimentar,
equipamentos, procedimentos médicos, tratamentos e exames aos que deles
comprovadamente necessitem.
Tendo-se
em vista que os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierárquica, o SUS, amparando-se no princípio da co-gestão, com a participação
simultânea dos entes estatais dos três níveis (art. 198 da CF/88 e o art. 7º da lei 8.080/90) cabe, contudo, ao Estado, Município, Distrito
Federal e União promoverem as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
Portanto, é obrigação do Estado dar assistência à saúde e dar os meios
indispensáveis para o tratamento médico.
Assim
sendo, vale mencionar a posição jurisprudencial do TJSC:
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - FORNECIMENTO DO MEDICAMENTO CITALOPRAM - IDOSO - PORTADOR DE DEPRESSÃO - DIREITO À SAÚDE - EXEGESE DOS ARTS. 6º E 196, DA CF/88, E 153, DA CE/89 E DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL - OBRIGAÇÃO DO PODER PÚBLICO - AUSÊNCIA DE DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA - POSSIBILIDADE DE DISPENSA DE LICITAÇÃO DADA A URGÊNCIA (ART. 24 DA LEI N. 8.666/93) - OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES - INEXISTÊNCIA - CONTRACAUTELA - NECESSIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - REDUÇÃO. Apelação Cível n. 2013.077669-7, de Ituporanga. Relator: Des. Jaime Ramos
É inegável que a garantia do tratamento da saúde,
que é direito de todos e dever dos entes públicos, pela ação
comum da União, dos Estados e dos Municípios, segundo a Constituição, inclui o fornecimento gratuito de meios necessários à preservação
a saúde a quem não tiver condições de adquiri-los.
A falta de dotação orçamentária específica não pode servir de obstáculo ao fornecimento de tratamento médico ao doente necessitado, sobretudo quando a vida é o bem maior a ser protegido pelo Estado, genericamente falando.
Nos termos do artigo 24 da Lei 8.666/93, em caso de comprovada urgência, é possível a dispensa de processo de licitação para a aquisição, pelos entes públicos, de medicamento necessário à manutenção da saúde de pessoa carente de recursos para adquiri-lo.
Não há como falar em violação ao Princípio da Separação dos Poderes, nem em indevida interferência de um Poder nas funções de outro, se o Judiciário intervém a requerimento do interessado titular do direito de ação, para obrigar o Poder Público a cumprir os seus deveres constitucionais de proporcionar saúde às pessoas, que não foram espontaneamente cumpridos.
O fornecimento de remédio deve ser condicionado à demonstração, pelo paciente, da permanência da necessidade e da adequação do medicamento, durante todo o curso do tratamento, podendo o Juiz determinar a realização de perícias ou exigir a apresentação periódica de atestados médicos circunstanciados e atualizados. (Grifos da Autora).
DIREITO
À SAÚDE. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. INDISPENSABILIDADE E URGÊNCIA EVIDENCIADAS.
REQUISITOS DO ART. 273 DO CPC PREENCHIDOS. PRAZO DE QUINZE DIAS PARA O
CUMPRIMENTO DA DECISÃO JUDICIAL. IMPOSIÇÃO DE SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS CASO
DESCUMPRIDA A DECISÃO JUDICIAL. CONTRACAUTELA. PERIODICIDADE TRIMESTRAL
APROPRIADA AO CASO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
"É possível a concessão da liminar, ainda que irreversível a medida, quando for absolutamente necessário obrigar o Poder Público a satisfazer, de modo excepcional, obrigação de proporcionar tratamento a alguém que está sob risco de grave dano à sua saúde.
"Havendo prova inequívoca capaz de convencer o Órgão julgador da verossimilhança das alegações e fundado o receio de dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273, do CPC) decorrente da demora na entrega da prestação jurisdicional definitiva, mostra-se escorreita a antecipação de tutela obrigando o Estado a fornecer o tratamento de que necessita o agravado para manutenção de sua saúde.
"Demonstrada a efetiva necessidade de medicamentos específicos, cumprem aos entes públicos fornecê-los, ainda que não estejam padronizados para a moléstia da paciente" (AI n. 2013.008304-2, de Tubarão, rel. Des. Jaime Ramos, j. 13-6-2013).
"É possível a concessão da liminar, ainda que irreversível a medida, quando for absolutamente necessário obrigar o Poder Público a satisfazer, de modo excepcional, obrigação de proporcionar tratamento a alguém que está sob risco de grave dano à sua saúde.
"Havendo prova inequívoca capaz de convencer o Órgão julgador da verossimilhança das alegações e fundado o receio de dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273, do CPC) decorrente da demora na entrega da prestação jurisdicional definitiva, mostra-se escorreita a antecipação de tutela obrigando o Estado a fornecer o tratamento de que necessita o agravado para manutenção de sua saúde.
"Demonstrada a efetiva necessidade de medicamentos específicos, cumprem aos entes públicos fornecê-los, ainda que não estejam padronizados para a moléstia da paciente" (AI n. 2013.008304-2, de Tubarão, rel. Des. Jaime Ramos, j. 13-6-2013).
04.
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA:
Considerando-se que o requerente não dispõe nem mesmo de medicamentos para este mês, e considerada a forte prova documental juntada aos autos para comprovar os padecimentos das moléstias e a recomendação dos medicamentos, que seja, então, deferida LIMINARMENTE a ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DE MÉRITO com fulcro no art. 273, I do CPC, para determinar que a requerida forneça mensalmente os medicamentos descritos retro em espécie ou no seu correspondente em pecúnia no valor R$ xxxxx (xxxxxxx).
Ainda que
deve ser afastada, qualquer alusão de que não se pode conceder tutela
antecipada contra a Fazenda Pública. E isso porque, embora o art. 1º, § 3º, da Lei n° 8.437/92
proíba, nas ações contra o Poder Público, a concessão de liminar que esgote no
todo ou em parte o objeto da ação, há situações em que os requisitos legais
para antecipação de tutela são tão presentes, que o fumus boni juris e
o periculum in mora, pois esta presente na ação a necessidade do
medicamento já que se comprova com a documentação em anexo que ele está doente
e que precisa da medicação sob pena de prejuízo ainda maior a sua saúde e até o
interesse público, não só recomenda como impõe a concessão de liminar para
cumprimento pelo poder público, mesmo sem a sua manifestação prévia. Assim
ocorre quando há preponderância de princípios constitucionais, no caso presente
o direito à saúde.
Ainda
assim, tem a parte o direito – e a oportunidade – de resguardar seus direitos
por meio do Poder Judiciário, como se sabe, garantido pelo art. 5º, incisos XXII e XXXV, da Constituição Federal.
Para que, apenas fique ilustrada a pretensão, vale
mencionar o trecho:
“A tutela antecipatória do direito subjetivo deve existir porque se alguém tem o direito de obter exatamente aquilo que tem direito de obter, o processo há de lhe oferecer meios para que a entrega do direito ocorra logo, de imediato. O meio processual da antecipação da tutela tornará possível a pronta realização do direito que o autor afirma possuir.” (CHIOVENDA)
Contudo,
tratando-se a saúde e a vida como bens de difícil reparação, deve ser concedida
a tutela antecipada. Neste passo preciso são os acórdãos:
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. MUNICÍPIO DE JAGUARÃO. MEDICAMENTOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS. DIREITO CONSTITUCIONAL À SAÚDE. PRINCÍPIOS DA RESERVA DO POSSÍVEL E DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO. BLOQUEIO DE VALORES. CABIMENTO. 1. Presentes os requisitos do artigo 273 do CPC, deve ser concedida a tutela antecipada postulada. 2. A responsabilidade pelo fornecimento dos medicamentos postulados é solidária entre União, Estados e Municípios. Eventual deliberação a respeito da repartição de responsabilidade compete unicamente aos entes federativos, a ser realizada em momento oportuno, não podendo o particular ter limitado seu direito à saúde, garantido constitucionalmente, por ato da Administração. 3. Ocasionais limitações ou dificuldades orçamentárias não podem servir de pretexto para negar o direito à saúde e à vida, dada a prevalência do direito reclamado. 4. Inocorrente violação ao princípio da separação dos poderes, porquanto ao Judiciário compete fazer cumprir as leis. 5. Bloqueio de valores que visa exclusivamente a possibilitar a efetivação do comando judicial, em razão de descumprimento da ordem. Medida excepcional que se justifica em razão da primazia do direito fundamental à saúde e à vida. NEGADO SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, EM MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 70054772033, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 24/05/2013).
A
propósito, precedente do Superior Tribunal de Justiça:
ANTECIPAÇÃO
DE TUTELA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. (...) É possível a concessão
de antecipação dos efeitos da tutela em face da Fazenda Pública, como
instrumento de efetividade e celeridade da prestação jurisdicional, sendo certo
que a regra proibitiva, encartada no art. 1º, da Lei n° 9.494/97, reclama
exegese estrita, por isso que, onde não há limitação não é lícito ao magistrado
entrevê-la. Precedentes do STJ: AgRg no REsp 945.775/DF, QUINTA TURMA, DJ de
16/02/2009; AgRg no REsp 726.697/PE, SEGUNDA TURMA, DJ de 18/12/2008; AgRg no
Ag 892.406/PI, QUINTA TURMA, DJ 17/12/2007; AgRg no REsp 944.771/MA, SEGUNDA
TURMA, DJ De 31/10/2008; MC 10.613/RJ, Rel. PRIMEIRA TURMA, DJ 08/11/2007; AgRg
no Ag 427600/PA, PRIMEIRA TURMA, DJ 07/10/2002. (...) (REsp 107089 /SP, Rel.
Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 03/12/2009, DJe 02/02/2010).
05. DO PEDIDO:
Em face do amplamente
exposto, requer:
A) O
deferimento da gratuidade judiciária requerida, conforme declaração inserida
nesta petição inicial;
B) Seja
deferida a Tutela Antecipada, com o acolhimento dos argumentos consignados na
petição inicial; O acolhimento dos argumentos consignados na presente petição
inicial e o deferimento da concessão da tutela liminar, INAUDITA ALTERA
PARS, ao amparo das normas citadas, determinando-se aos Réus para que
forneçam mensalmente os medicamentos necessitados, quais sejam XXXXXXX, conforme
constata-se no receituário. OU no seu correspondente em pecúnia no valor de R$
xxxxx (xxxxxx) pelo tempo que demorar a demanda.
C) Que seja determinado à expedição do mandado para cumprimento, a ser executada por oficial de justiça, que deverá certificar a comunicação da ordem judicial ao responsável;
C) Que seja determinado à expedição do mandado para cumprimento, a ser executada por oficial de justiça, que deverá certificar a comunicação da ordem judicial ao responsável;
D) Que
seja estipulada multa cominatória diária à ré, consoante prescrição legal, no
caso de descumprimento da medida, se concedida, nos termos da lei;
E) Que seja, no mesmo ato, citada a ré, entregando-lhe cópia desta petição inicial, para que, querendo e no prazo da lei, conteste a presente, sob pena dos efeitos da revelia;
E) Que seja, no mesmo ato, citada a ré, entregando-lhe cópia desta petição inicial, para que, querendo e no prazo da lei, conteste a presente, sob pena dos efeitos da revelia;
F) A procedência
da presente ação, para confirmado os efeitos da antecipação da tutela, e no
mérito, seja mantido até quanto necessário e recomendado o tratamento na forma
como prescrito na receita e laudo medico, que acompanha a presente
demanda.
G) A condenação do Requerido, em custas e honorários de sucumbência, e cominação de multa diária a ser arbitrada pelo MM. Juízo, caso não seja cumprido espontaneamente o determinado em antecipação de tutela e final sentença de mérito.
H) A condenação dos requeridos em custas e honorários advocatícios.
07. PROVAS
Protesto
provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito,
especialmente documental, oitiva de testemunhas, arroladas em oportunidade
própria e depoimento pessoal do representante legal do réu, assim como, por
outros que, eventualmente, venham a serem necessários no decorrer do processo.
08. VALOR DA CAUSA:
Dá-se à
causa o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), ou seja, para fins
meramente fiscais.
Nestes Termos; Pede Deferimento.
30 de julho de 2015.
ALINE OLIVEIRA MENDES DE MEDEIROS
OAB/SC N°
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